1. Ó Luz de eterna formosura! / Luz que não foste criatura,
De sol que passe em noit’ escura, / Pois és divina;
E me criaste, sobre o mundo, / Naquele altíssimo e profundo
Primeiro olhar, que, num segundo, / Tudo ilumina.
2. Tu me criaste à semelhança / Do teu espírito, e na esp’rança
De ir aumentando a etérea herança / Que me trouxeste:
E, sempre, e mais, por onde vim, / Eu brilhe e exulte, até que enfim
Possa encontrar, dentro de mim, / Alvor celeste.
3. Divina Luz, Luz-incriada! / Sei que, por Ti, surgi do nada,
Farol da eterna Madrugada, / Que me conduz.
Ó minha esp’rança! Oh que saudade / Da pura e ingénua claridade,
Mal que se ouviu na eternidade: / “Faça-se a luz”.