TEMA
A Palavra de Deus deste 10º Domingo do Tempo Comum repete, com alguma insistência, que Deus prefere a misericórdia ao sacrifício. A expressão deve ser entendida no sentido de que, para Deus, o essencial não são os actos externos de culto ou as declarações de boas intenções, mas sim uma atitude de adesão verdadeira e coerente ao seu chamamento, à sua proposta de salvação. É esse o tema da liturgia deste dia.
Na primeira leitura, o profeta Oseias põe em causa a sinceridade de uma comunidade que procura controlar e manipular Deus, mas não está verdadeiramente interessada em aderir, com um coração sincero e verdadeiro, à aliança. Os actos externos de culto – ainda que faustosos e magnificentes – não significam nada, se não houver amor (quer o amor a Deus, quer o amor ao próximo – que é a outra face do amor a Deus).
Na segunda leitura, Paulo apresenta aos cristãos (quer aos que vêm do judaísmo e estão preocupados com o estrito cumprimento da Lei de Moisés, quer aos que vêm do paganismo) a única coisa essencial: a fé. A figura de Abraão é exemplar: aquilo que o tornou um modelo para todos não foram as obras que fez, mas a sua adesão total, incondicional e plena a Deus e aos seus projectos.
O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre a resposta que devemos dar ao Deus que chama todos os homens, sem excepção. O exemplo de Mateus sugere que o decisivo, do ponto de vista de Deus, é a resposta pronta ao seu convite para integrar a comunidade do “Reino”. (https://www.dehonianos.org/)
Antífona de entrada Cf. Sl 26, 1-2
O Senhor é minha luz e salvação: a quem temerei?
O Senhor é protetor da minha vida:
de quem hei de ter medo?
Oração coleta
Senhor nosso Deus, fonte de todo o bem,
ensinai-nos com a vossa inspiração a pensar o que é reto
e ajudai-nos com a vossa providência a pô-lo em prática.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus
e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
LEITURA I Os 6, 3-6
«Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios»
Sem amor não há conversão que possa agradar ao Senhor. Por mais perfeição exterior que ponhamos nos ritos de reconciliação (exame de consciência, acusação dos pecados, ato de contrição, cumprimento da penitência), de nada eles valerão sem um arrependimento sincero que nasça do nosso amor ao Senhor. Mas o nosso amor não passa, muitas vezes, de um nevoeiro, que o primeiro sol da manhã logo desfaz.
Leitura da Profecia de Oseias
Procuremos conhecer o Senhor. A sua vinda é certa como a aurora. Virá a nós como o aguaceiro de Outono, como a chuva da Primavera sobre a face da terra. «Que farei por ti, Efraim? Que farei por ti, Judá?» – diz o Senhor – «O vosso amor é como o nevoeiro da manhã, como o orvalho da madrugada que logo se evapora. Por isso os castiguei por meio dos Profetas e os matei com palavras da minha boca; e o meu direito resplandece como a luz. Porque Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus, mais que os holocaustos».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 49 (50), 1.8.12-13.14-15 (R. 23b)
Refrão: A quem segue o caminho recto
darei a salvação de Deus. Repete-se
Ou: A quem procede rectamente
farei ver a salvação de Deus. Repete-se
Falou o Senhor, Deus soberano,
e convocou a terra, do Oriente ao Ocidente:
«Não é pelos sacrifícios que Eu te repreendo:
os teus holocaustos estão sempre na minha presença. Refrão
Se tivesse fome, não to diria,
porque meu é o mundo e tudo o que nele existe.
Comerei porventura as carnes dos touros
ou beberei o sangue dos cabritos? Refrão
Oferece a Deus sacrifícios de louvor
e cumpre os votos feitos ao Altíssimo.
Invoca-Me no dia da tribulação:
Eu te livrarei e tu Me darás glória». Refrão
LEITURA II Rom 4, 18-25
«Fortaleceu-se na fé, dando glória a Deus»
A nossa correspondência ao amor do Senhor tem de começar por uma grande fé e confiança no seu poder e na sua misericórdia. Só assim, como Abraão, poderemos trocar, de vez, os nossos “ídolos” pelo Senhor e acreditar nas suas promessas. Nós bem sabemos que Cristo morreu por nós, para nos restabelecer na amizade de Deus; e isso nunca pode ser esquecido.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Romanos
Irmãos: Contra toda a esperança, Abraão acreditou que havia de tornar-se pai de muitas nações, como tinha sido anunciado: «Assim será a tua descendência». Sem vacilar na fé, não tomou em consideração nem a falta de vigor do seu corpo, pois tinha quase cem anos, nem a falta de vitalidade do seio materno de Sara. Perante a promessa de Deus, não se deixou abalar pela desconfiança, antes se fortaleceu na fé, dando glória a Deus, plenamente convencido de que Deus era capaz de cumprir o que tinha prometido. Por este motivo é que isto «lhe foi atribuído como justiça». Não é só por causa dele que está escrito «Foi-lhe atribuído», mas também por causa de nós, que acreditamos n’Aquele que ressuscitou dos mortos, Jesus, Nosso Senhor, que foi entregue à morte por causa das nossas faltas e ressuscitou para nossa justificação.
Palavra do Senhor.
ALELUIA Lc 4, 18
Refrão: Aleluia. Repete-se
O Senhor enviou-me a anunciar o evangelho
aos pobres
e a liberdade aos oprimidos. Refrão
EVANGELHO Mt 9, 9-13
«Não vim chamar os justos, mas os pecadores»
Para podermos beneficiar da amizade que Deus, na pessoa de Cristo, veio oferecer aos homens, havemos de tomar uma atitude humilde e reconhecer-nos como pecadores, pois o orgulho dos que se consideram justos não permite o encontro salvador com Ele. Só o reconhecimento das nossas misérias atrai o amor misericordioso de Deus. S. Mateus entendeu-o bem, e, deixando tudo, logo seguiu Jesus.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: «Segue-Me». Ele levantou-se e seguiu Jesus. Um dia em que Jesus estava à mesa em casa de Mateus, muitos publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos. Vendo isto, os fariseus diziam aos discípulos: «Por que motivo é que o vosso Mestre come com os publicanos e os pecadores?». Jesus ouviu-os e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide aprender o que significa: ‘Prefiro a misericórdia ao sacrifício’. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO DOS FIÉIS
Irmãos e irmãs em Cristo:
Nós que somos pecadores,
imploremos a misericórdia de Deus Pai
e roguemos-Lhe que atenda as nossas súplicas,
dizendo (ou: cantando), com fé e humildade:
R. Lembrai-Vos, Senhor, do vosso povo.
Ou: Ouvi-nos, Senhor.
Ou: Tende compaixão de nós, Senhor.
1. Para que o Papa N., os bispos e os presbíteros a ele unidos,
se fortaleçam na fé, dêem glória a Deus
e creiam no poder de Cristo ressuscitado,
oremos.
2. Para que os homens procurem conhecer o Senhor,
cooperem entre si com lealdade
e reconheçam a sua parte no pecado do mundo,
oremos.
3. Para que cesse o desprezo pelos emigrantes,
a perseguição aos refugiados e estrangeiros
e se respeitem as crianças sem família,
oremos.
4. Para que Deus dê coragem aos desiludidos,
ensine aos homens o que é a misericórdia
e os leve a respeitar as minorias,
oremos.
5. Para que não nos julguemos mais que os outros
e saibamos, à maneira de Jesus Cristo,
ser simples e verdadeiros para com todos,
oremos.
(Outras intenções: os que foram confirmados com o sinal do Espírito Santo ...).
Escutai, Senhor, a nossa oração
e dai-nos a graça de ser firmes na fé,
para que o testemunho da nossa vida
leve outros homens e mulheres a reconhecer-Vos
como único Deus verdadeiro.
Por Cristo Senhor nosso.
Oração sobre as oblatas
Olhai com bondade, Senhor,
para os dons que apresentamos ao vosso altar,
fazei que esta oblação Vos seja agradável
e aumente em nós a caridade.
Por Cristo nosso Senhor.
Antífona da comunhão Sl 17, 3
Sois o meu protetor e o meu refúgio, Senhor;
sois o meu libertador; meu Deus, em Vós confio.
Ou: 1Jo 4, 16
Deus é amor.
Quem permanece no amor permanece em Deus
e Deus permanece nele.
Oração depois da comunhão
Nós Vos pedimos, Senhor,
que a ação santificadora deste sacramento
nos liberte das más inclinações
e nos conduza a uma vida santa.